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‘Podíamos ter perdido nosso filho; ele quase morreu’, diz pai de náufrago brasileiro resgatado em bote salva-vidas no meio do mar

Marcelo Osanai, 38 anos, estava navegando pelo Oceano Atlântico, a mais de 2 mil quilômetros da África do Sul, com outras duas pessoas, quando embarcação enfrentou problemas. Um dos tripulantes acabou morrendo.

 

O brasileiro Marcelo Osanai, de 38 anos, passou por momentos de terror ao escapar com vida de um veleiro que naufragou a 2 mil quilômetros da costa da África do Sul.

Ele e um amigo, o suíço Balthasar Wyss, 52 anos, conseguiram embarcar em um pequeno bote salva-vidas —e, graças a um dispositivo de emergência, foram localizados por um petroleiro argentino no meio do Oceano Atlântico.

Havia três pessoas a bordo do veleiro que naufragou: o comandante do veleiro, o suíço Benno Frey, 72 anos, não saiu da embarcação a tempo e morreu afogado.

O naufrágio ocorreu na madrugada de 14 de março e o resgate ocorreu na tarde do mesmo dia.

“Eu não conseguia nem falar, a gente ficou emocionado, podíamos ter perdido nosso filho, ele quase morreu”, disse ao g1 Nelson Osanai, pai de Marcelo.

Nelson diz que falou com Marcelo quando o filho ainda estava no petroleiro:

“Ele falou que estava bem de saúde, mas que ficou abalado e não quis falar do incidente. Tanto ele como o Balthasar passaram por um momento difícil e traumático, e eles querem um tempo para processar [o que aconteceu]”, afirmou.

Marcelo e Balthasar chegaram à África do Sul quatro dias depois do naufrágio, dia 18 de março. O irmão de Marcelo, que vive na Suíça, o aguardava na Cidade do Cabo. Os dois tripulantes foram socorridos em boas condições de saúde. O brasileiro está recebendo auxílio da Embaixada do Brasil na África do Sul.

Sem detalhes

Ao relembrar o naufrágio, Marcelo não conseguiu descreveu em detalhes o que aconteceu, segundo o pai:

“O barco dele colidiu com algo. Os especialistas dizem que esses acidentes podem acontecer com contêineres que caem no mar e ficam boiando. Pode ter sido isso.”

Até a tragédia acontecer, Nelson e a mulher estavam acompanhando a viagem do filho por meio dos dispositivos de localização –e tudo corria bem.

“A gente recebia mensagem da posição do veleiro todos os dias, entrávamos em um site e sabíamos onde ele estava. Nós estávamos relativamente tranquilos, ele estava curtindo o trajeto. Ainda bem que o veleiro era moderno e tinha aparatos de rastreamento”, diz.

Ao receber ligação do filho pela primeira vez, Nelson pensou se tratar de um golpe, porque o prefixo era de outro país. “Depois, ele mandou mensagem por aplicativo de mensagem. Ele nos tranquilizou”, diz.

O naufrágio

Marcelo Osanai estava no veleiro suíço Nina Pope, que deixou o Rio de Janeiro e 27 de fevereiro. Em 12 de março, a embarcação fez uma parada no território ultramarino britânico de Tristão da Cunha, no meio do Oceano Atlântico. O destino era a Cidade do Cabo, na África do Sul.

A Autoridade de Segurança Marítima da África do Sul (Samsa, na sigla em inglês) informou que, por volta da meia-noite do dia 14, recebeu uma notificação informando que um grupo de marinheiros estava enfrentando problemas.

Além do brasileiro, o grupo era formado por um tripulante e um capitão suíços. A embarcação tinha 16 metros de comprimento e cerca de 5 metros de largura.

De acordo com a Samsa, antes do naufrágio, o brasileiro e o suíço embarcaram em um bote salva-vidas. No entanto, o capitão do veleiro não conseguiu ir para o bote e afundou junto da embarcação. As autoridades informaram que ele não resistiu e morreu.

 

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